Insólito Gerês
Como venho lá de cima indignado, irritado e, principalmente, triste as próximas histórias vão andar todas em redor do mesmo tema.
O parque de campismo de Cerdeira é o primeiro em Portugal que cumpre os mínimos de um parque de montanha com verdadeiras preocupações ambientais, com um cuidado extremo na forma como lida com o bosque onde está inserido e que incentiva à actividade física.
Todas as semanas é afixado um programa de actividades à semelhança do que se faz lá fora. Uma coisa do género:
Semana de 7 a 12 de Julho:
- 2ª feira, 9:00 - passeio pedestre pelo trilho da águia do sarilhão: 3,5€/pessoa
- 2ª feira, 14:30 - escalada e actividades no parque aventura: 10€/ pessoa
- e por aí fora.
Quem quer ir passear pelo seu próprio pé tem à entrada do camping um placard grande com uma reprodução de uma carta militar da zona e com 5 percursos assinalados, cada uma com sua cor e respectiva extensão.
Dirigi-me um dia à recepção e estive 15 min à conversa com um dos funcionários que conhecia bem alguns destes percursos embora não os tivesse feito todos e ainda me revelou que um deles estava mal assinalada pq este ano não tinham ido fazer manutenção/limpeza.
Embora gostasse de ter mais informação já considero isto um enorme passo na promoção destas actividades mas tb percebo que se o percurso é livre pq raio uma entidade privada como o parque Cerdeira é que tem que suportar os custos da manutenção e sinalização dos percursos?
Pq é que em Portugal todos trabalham de costas voltadas? O Parque Nacional da Peneda Gerês que tem a jurisdição bem podia fazer um protocolo com estas entidades mas não. O parque de Cerdeira que é uma entidade privada fala do PNPG como se de um estorvo se tratasse ao desenvolvimento da região. A população está revoltada com o facto de ter de pagar para ir a Espanha. Uma entidade como um PNPG será sempre uma mais valia em qq país excepto em Portugal. Não se entende.
Aqui a sensação com que fico é que o PNPG só atrapalha, restringe, proíbe, cobra. Não oferece nada em troca!
Assim nunca lá iremos...
Educação ambiental é experimentar. É preciso atravessar a pé um bosque de faias e de carvalhos e encontrar um azevinho com 6 m de altura para perceber que o eucalipto é feio e que não pertence aquele cenário. Mas para isso é preciso levar as pessoas ao sítio. É preciso sentir e ver com os olhos o valor das coisas.
Não bastam um cartazes e uns computadores que não funcionam num suposto museu.
Já estive me muitos parques naturais por essa Europa fora onde se paga para entrar inclusivé a pé mas tenho em troca trilhos assinalados, wc's nos parques de estacionamento, mapas, gente informada, avisos meteorológicos...
Não é a primeira vez que escrevo sobre este tema e relembro um post antigo a que dei o título: "E porque não em Portugal?"
PS: como sou teimoso na net consegui alguns trilhos para gps que não vêm nos mapas nem são do conhecimento de quem lá trabalha. Se por lá quiserem andar apitem!
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